terça-feira, 2 de setembro de 2014

"Navegar é preciso, viver não é preciso"


Ao falarmos que “navegar é preciso, viver não é preciso”, alguns logo citam a genialidade do escritor português, Fernando Pessoa. Indo um pouco mais adiante sobre o estudo dessa frase, aponta este que, o poeta ao mesmo tempo em que lançava uma sentença sobre a condição do homem, dialogava ricamente com a tradição histórica dos portugueses na exploração dos mares. Contudo, devemos saber que essa interpretação está longe de remontar as origens da afamada frase.
No século I a.C., os romanos viviam ativamente o seu processo de expansão econômica e territorial. Na medida em que Roma se transformava em um império de dimensões gigantescas, a necessidade de desbravar os mares, se colocava como elemento fundamental para o fortalecimento de uma das mais importantes potências de toda a Antiguidade. Foi nesse contexto que o general Pompeu, por volta de 70 a.C., foi incumbido da missão de transportar o trigo das províncias para a cidade de Roma.
Naqueles tempos, os riscos de navegação eram grandes, em virtude das limitações tecnológicas e dos vários ataques piratas que aconteciam com relativa frequência. Sendo assim, os tripulantes daquela viagem viviam um grave dilema: salvar a cidade de Roma da grave crise de abastecimento causada por uma rebelião de escravos, ou fugir dos riscos da viagem mantendo-se confortáveis na cidade de Sicília. Foi então que, de acordo com o historiador Plutarco, o general Pompeu proferiu essa lendária frase.

Embora o autor tenha dado a intenção que navegar é preciso por se tratar de atividade exata, em que teoricamente chega-se aonde se deseja, no viver, nada é tão certo e não, necessariamente, sabemos onde está o destino. Portanto o sentido do verso inicial seria de que a navegação se tornava uma ciência precisa, no sentido de exata. A vida não tem esta exatidão.
A sociedade moderna não pode mais se dar ao privilégio de interagir com o meio ambiente da mesma forma que os nossos predecessores faziam; explorando indiscriminadamente o meio ambiente, negligenciando o uso sustentável dos recursos naturais, incentivando atividades econômicas que só fazem aumentar o aumento do consumo indiscriminado.

A necessidade de se estabelecer metas de desenvolvimento econômico em consonância com a sustentabilidade ambiental pode nos guiar para um futuro em que o prazer de “viver” em toda a sua plenitude não contradiga a necessidade de conviver em harmonia com a meio ambiente.